Rancho Folclórico da Boidobra

HISTÓRIA

O Rancho Folclórico da Boidobra, nasceu nesta freguesia em 23 de julho de 1972, por intermédio de José Fernandes dos Santos (já falecido). Além de fundador, foi também ensaiador quase até ao fim da sua primeira existência, em 1976. Por abandono deste, foram ainda ensaiadores Alberto Ruano, Carlos Pinheiro e Filipe Duarte Augusto.

Houve, ainda, em 1973, e a par do rancho adulto um rancho infantil fundado e ensaiado pelo Sr. José Fernandes, tendo tido vida curta de apenas um ano. É claro que, tanto um como o outro, não tinham qualquer traje, levantamento, recolha e veracidade que os pudessem definir como verdadeiros grupos de folclore representativos da região onde estavam inseridos.

Em 1976, por divergências e conflitos vários, o rancho folclórico acabou por cessar o seu funcionamento.

Em 1983, após oito anos de inatividade, dá-se o ressurgimento, levado a cabo por um grupo de jovens de onde se destacaram Francisco Machado, Gabriela Augusto, Paulo Jerónimo e Otília Augusto. O intento era meramente recreativo isento de uma preocupação rigorosa de defesa do património etnográfico da vila. Para prosseguir com o relançamento do rancho, foi abordado um elemento da primeira formação, Jorge Carvalho, para que este assumisse o cargo de ensaiador e solicitou-se ao Centro de Recreio Popular, CRP, atualmente CCD Estrela do Zêzere, coletividade da terra, e filiada na Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT), atualmente INATEL. Nesse mesmo ano o Rancho Folclórico da Boidobra, foi integrado na Secção Cultural da coletividade.

Sem qualquer noção sobre folclore, nem como se havia de trabalhar, a coletividade forneceu “trajes” desadequados, fabricados numa confeção da região, representando uma única figura estereotipada de pastores da Serra da Estrela. Estava-se a cair no erro anterior. Nada caracterizava o grupo como um verdadeiro rancho e, por isso, em 1985 entrou Jorge Pinheiro, substituindo o então ensaiador, sem que no entanto se tenham verificado alterações a nível de qualidade. Ainda assim, este ensaiador permaneceu em funções até meados do ano de 1987, altura em que se iniciou na atividade de novo ensaiador, António Pereira.

 

A partir deste ano, o Rancho Folclórico da Boidobra criou um grupo de trabalho para realizar a pesquisa, investigação e recolha junto dos habitantes mais idosos da freguesia, no sentido de colher a memória coletiva do povo para assim a poder reproduzir e representar. Nada seria como antes e durante os  cinco anos seguintes, tempo que durou a pesquisa de campo, foi realizado um trabalho árduo e difícil mas que ainda hoje dá frutos. Este esforço acabaria por ser reconhecido a 4 de agosto de 1990 com a integração do Rancho na Federação do Folclore Português como membro efetivo.

A 20 de agosto de 1989, surge a primeira internacionalização do grupo com a deslocação a Ciudad Rodrigo, em Espanha.

Em setembro de 1992, gravou o LP “Cantares da Nossa Terra”.

A 10 de junho de 1998, fez a primeira deslocação a França para comemorar o Dia de Portugal junto da comunidade portuguesa em Estrasburgo, ficando alojados na vila de Duppigheim, nos arredores da cidade.

Em abril de 2000, gravou o CD “Cimo do Povo” com as recolhas efetuadas pelo grupo e, em setembro de 2002, editou “O Itão”, boletim de divulgação das tradições da Boidobra.

No início de 2004 e até hoje, o Rancho Folclórico da Boidobra viria a ter como ensaiador, hoje denominado diretor técnico, Paulo Jerónimo, o qual viria a transformar completamente a maneira de ser e de pensar do grupo, em relação à sua perspetiva visionária de analisar e encarar o modo de estar de um rancho, na vertente etnográfica e de representação. Foi a partir deste período, que o Rancho Folclórico da Boidobra seguiu também pelo caminho da representação, tendo já recriado vários espetáculos temáticos.

Em 2004, colaborou na obra de Tomáz Ribas – O Trajo Regional em Portugal.

Em 2005, venceu o Concurso Etnográfico Henrique Rabaço que se realizou no Parque das Nações em Lisboa.

 A 11 de junho de 2006, uma delegação do rancho folclórico e da junta de freguesia deslocaram-se ao Parlamento Europeu em Estrasburgo para assinar o acordo de geminação entre Duppigheim e Boidobra.

Pela segunda vez, venceu o Concurso Etnográfico Henrique Rabaço, a 17 de junho de 2007, na Aula Magna em Lisboa.

A 10 de agosto de 2008, organizou pela primeira vez a Festa das Papas. Nesse mesmo ano, a 15 de março, apresentou durante 90 minutos, no Teatro Cine da Covilhã, o espetáculo etnográfico “Quadras Danças e Outras Lembranças”, tendo assistido cerca de 600 pessoas e, no ano seguinte, a 26 de abril, apresentou nova produção na mesma sala, com o nome “Ao Toque do Adufe”.

O FestiBoidobra − Tradições do Mundo, realizado em 2010 de 26 de junho a 2 de agosto, teve um grande sucesso local, e nele participaram, além dos grupos portugueses, um grupo do México e outro da Geórgia.

Um dos momentos altos do rancho foi o convite da RTP 1, dia 21 de dezembro de 2011, para apresentar o projeto Escola Infantil de Folclore no programa “Portugal no Coração”. Durante duas horas e em direto o R. F. Boidobra foi notícia para todo o mundo visto que o programa foi integralmente preenchido com o RFB.

Em setembro de 2012, deu-se oficialmente início à Escola Infantil de Folclore.

Em 2017, gravou o terceiro trabalho em CD inserido na coletânea do folclore português intitulado “O Canto, a Música, as Memórias do Nosso Povo”.

Em dezembro de 2021 participa na série televisiva da RTP, Lusitânia, integrando o elenco do episódio “A Aposta com o Diabo”.

Em 22 de março de 2022 e a convite da Federação do Folclore Português, participa em direto no programa da RTP 1, “Praça da Alegria”, dando assim a conhecer as tradições da Boidobra bem como a própria vila.

Nas comemorações do cinquentenário foi-lhe atribuída a Medalha de Honra da Freguesia da Boidobra e a Medalha de Mérito Associativo pela Confederação das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto.

Atualmente, é uma associação jovem e dinâmica que desenvolve atividades culturais na Boidobra e é associada da Fundação INATEL como Centro de Cultura e Desporto (CCD), é sócia da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura Recreio e Desporto (CPCCRD) e, pela comprovada qualidade enquanto grupo de folclore, pertence à Federação do Folclore Português (FFP).

Pelo passado desta associação, há a consciência plena do seu prestimoso contributo na divulgação cultural e conservação do património etnográfico do povo da freguesia da Boidobra assim como o seu papel preponderante no processo de desenvolvimento social e cultural das gentes de Boidobra.

A ASSOCIAÇÃO

Um pouco de História

A associação Rancho Folclórico da Boidobra teve o seu início em 15 de março de 2004 com a realização da escritura de constituição, publicada em Diário da República no dia 25 de maio do mesmo ano e após a saída da dependência do CCD Estrela do Zêzere. Esta associação proporcionou estabilidade e sustentabilidade ao pequeno grupo de 45 pessoas que constituíam o Rancho Folclórico da Boidobra e que entre as várias adversidades ao longo desses anos, entre altos e baixos de relações humanas, com estabilidade por vezes duvidosa, conseguiu manter a situação até 2004.

O ano de 2003 e 2004 foram conturbados para o rancho, porque entre dúvidas e incertezas, entre autonomização e independência e entre contratos de utilização de instalações e proibição de as utilizar, ia-se desenvolvendo o trabalho e as atividades com o esforço e união de todos os elementos do rancho. Depois da impossibilidade de continuar a trabalhar nestas condições, por acordo de ambas as partes, decidiu-se romper com esta ligação de 32 anos, ficando o rancho fora desta associação e com os instrumentos musicais, trajes, espólio museológico e 35€ em seu poder e o Estrela do Zêzere com toda a documentação, diplomas, certificados e lembranças que marcaram o percurso e vida deste rancho até essa data.

Os anos iniciais foram muito difíceis, com a provação às entidades e à população que a razão estava do lado do rancho, com a necessidade a curto prazo de arranjar um local para ensaiar, tendo a junta de freguesia um papel importante ao estar do lado do rancho e no apoio que concedeu. Adquiriu-se um edifício para sede, remodelou-se, fizeram-se candidaturas a vários apoios, procedeu-se à filiação no INATEL, IPDJ e conseguiu-se adquirir um estatuto próprio na freguesia, na região e até a nível nacional.

A consolidação como associação veio a verificar-se ao longo dos anos e com o trabalho efetuado na freguesia, ao nível cultural e recreativo vindo a ocupar o espaço que faltava na vida associativa da freguesia.

Com a aquisição e reconstrução da sede social, iniciada em 2014 e concluída em 2017 o Rancho Folclórico da Boidobra tinha finalmente um espaço seu onde podia realizar os ensaios, fazer as suas atividades e receber os seus sócios.

Em 2022, comemorou os 50 anos de existência como grupo de folclore e foi agraciado com a MEDALHA DE HONRA da Freguesia da Boidobra, a MEDALHA DE MÉRITO ASSOCIATIVO, conferido pela Confederação das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto e a Federação do Folclore Português distinguiu o RFB pelo VALIOSO CONTRIBUTO PRESTADO À COMUNIDADE NA DEFESA DA CULTURA TRADICIONAL E POPULAR DO CONCELHO DA COVILHÃ.